Eu mudei. Passou-se o
tempo em que pensava que não seria capaz de esquecer, de ficar bem, de sorrir.
Passou-se a época em que me achava menos que qualquer outra pessoa, que pensava
não ser o suficiente. Agora eu me cuido. Penso mais em mim – e às vezes, só em
mim. Olho no espelho e vejo algo agradável, nem que eu tenha que procurar em
todos os fios de cabelo um que seja completamente liso, ou mais encaracolado,
ou talvez até mais claro. Nem que tenha que olhar no fundo de meus próprios
olhos e achar a cor deles encantadora. Agora procuro uma roupa que se encaixe
no meu corpo como minhas mãos se encaixavam perfeitamente nas suas. Finalmente
passei em acreditar em mim, orar pra mim, olhar pra mim. Afinal, se eu não
fizesse isso, quem é que faria? Mas eu sou assim mesmo, toda complicada,
imperfeita, teimosa e quebradiça.
Como um copo de vidro bem fininho, que quando
você o tem nas mãos, dá a impressão que se apertar demais ele pode se partir em
trezentos pedacinhos. E ao mesmo tempo como uma bomba relógio pronta para
explodir a qualquer minuto e destruir tudo e todos que estão a sua volta. Sou
um livro que ninguém quer ler até o final. A chuva que todos esperam que passe logo. A peça do quebra-cabeça que você demora a
achar onde se encaixa. Mas não desiste de mim, por favor. Por mais que eu seja
toda errada desse jeito, no fundo, bem no fundo, existe aquela garotinha que só
precisa de um pouco de cuidado e uma caneca de chocolate quente no frio. Alguém
que só quer cuidar e ser cuidada. Amar e ser amada. Embora o que transparece
ser é só uma pedra fria e insignificante como todas as outras, se você tiver
paciência para cavar, achará o diamante que te garantirá tudo o que você sempre
sonhou.
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